quarta-feira, 24 de julho de 2024

à flor da pele




Uma demora lenta nas palavras
 um calor bom na palma das mãos
 uma maneira de gostar das pessoas e das coisas 
sem tolher movimentos ou forçar as superfícies 
beber aos golinhos o café a ferver
 ou o whisky chocalhado com pedrinhas de gelo 
viver viver roçando as coisas ao de leve 
sem poupar o veludo das mãos e do corpo 
sem regatear o amor à flor da pele
 olhar em torno de si perdida ou esperar o verão
 e saber de um saber obscuro que o calor 
todo o calor é de mais dentro que vem 






 Rui Caeiro
(Foto de Laura Makabresku)

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