terça-feira, 9 de abril de 2019

talvez



Gastar por antecipação o tempo da morte, 
consumir o silêncio do futuro 
como uma flor enterrada, 
viver a crédito
 da eternidade imparcial que nos espera,
 pôr entre as manhãs e as tardes
 algo mais digno de fé do que o meio-dia
 e aprender a pôr termo às palavras, 
ainda que apareçam encostadas. 

 Talvez assim a morte dure menos, 
a vida use outras portas 
e não se cansem tanto
 os olhos que nos buscam. 






 Roberto Juarroz

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