terça-feira, 27 de abril de 2021

cegueira



 

Não vês a sombra do desejo 
Furtiva em cada esquina do teu gesto 
Não vês que tudo aquilo que em ti vejo
 É tudo em que o amor é manifesto 
 Não vês as mariposas no cabelo 
E a rosa que em teus lábios se desnuda 
Não vês que o teu olhar é o modelo 
das vinte madrugadas de Neruda 
Não vês no teu sorriso o fogo-posto
 que lavra nos fados onde morei
 
Se não vês tudo isto no teu rosto 
perdoa, meu amor, porque ceguei. 








 João Monge

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