sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

quase um poema de amor



Hoje, também os carros dançam. As casas movem-se levemente.
 E eu – que mudei de casa e de roupa, de cidade e de cama, de palavras  
Eu, que mudei de música e de carro, de saudade, de quarto
Eu – que mudei de computador e de rua, de eternidade e de paisagem, de abraço e de clima
 Eu – que mudei de língua e de lágrimas, de deus e de caderno, de crenças e de céu
 Eu – que mudei de lume, que mudei de medos
 Eu – que mudei de planos, de lençóis, de secretária
 Eu – que mudei de óculos e de rumo, de amigos, de champô, de rituais e de supermercado
 Eu – que mudei de tudo que em quase nada mudou, 
mudei de dentro de mim para dentro de ti, meu amor. 





Filipa Leal

7 comentários:

  1. Foto/imagem e poema, deslumbrantes de ver e ler.
    .
    Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Um belo poema e uma deliciosa mudança!

    Um beijo!

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  3. Respostas
    1. Fico assim sempre que leio isto, Vanessa. Só ainda não descobri que tipo de choro é
      Beijinhos

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    2. Mas quero acreditar que é um choro puro. De quem, apesar de tudo e ainda, acredita no amor.

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