Fiquei sozinha um
domingo inteiro. Não telefonei para ninguém e ninguém me telefonou. Estava
totalmente só. Fiquei sentada num sofá com o pensamento livre. Mas no decorrer
desse dia até a hora de dormir tive umas três vezes um súbito reconhecimento de
mim mesma e do mundo que me assombrou e me fez mergulhar em profundezas obscuras
de onde saí para uma luz de ouro.
Era o encontro do eu com o eu. A solidão é um
luxo
Clarice Lispector | ||
Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus
domingo, 31 de julho de 2016
A solidão é um luxo
sábado, 30 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
terça-feira, 26 de julho de 2016
Uma demora lenta nas palavras
um calor bom na palma das mãos
uma maneira de gostar das pessoas e das coisas
sem tolher movimentos ou forçar as superfícies
beber aos golinhos o café a ferver
ou o whisky chocalhado com pedrinhas de gelo
viver viver roçando as coisas ao de leve
sem poupar o veludo das mãos e do corpo
sem regatear o amor à flor da pele
olhar em torno de si perdida ou esperar o verão
e saber de um saber obscuro que o calor
todo o calor é de mais dentro que vem
Rui Caeiro
(Foto de Laura Makabresku)
segunda-feira, 25 de julho de 2016
domingo, 24 de julho de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
quarta-feira, 20 de julho de 2016
segunda-feira, 18 de julho de 2016
o calor dos dias
Eras mesmo a fonte de tudo, pelo menos
naquele dia a que chamámos perfeito.
Os dias tinham-se entranhado nos dias,
a tal ponto que a vida era só dias, dias
a seguir uns aos outros. Apenas dias.
De olhos vendados e sem bater numa única
parede, pegados a isto, ao cheiro reconhecido
só quando um dos corpos se afasta.
Sente-se a falta, eu farejo como um cão
e depois sento-me triste a um canto
com um livro na mão. Mas naquele dia
que ambos classificámos de perfeito
eu pude ver a vida ali desdobrada em duas
à minha frente. E a tua inocência poderosa
a dizer-me uma vez sem exemplo faz
de mim o que quiseres, dobra o cabo
dos trabalhos e atira-te de cabeça.
Helder Moura Pereira
quinta-feira, 14 de julho de 2016
terça-feira, 12 de julho de 2016
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Pouco a pouco fomos descobrindo
como se põe sal por cima do silêncio
e água por trás das palavras.
E preferimos calar para dizer a ausência.
E preferimos dizer para temperar a calma.
Mas o amor.
O amor cru.
E já não soubemos que fazer
com o deserto,
com os sinais,
com a sede.
Valeria Pariso (Trad. A.M.)
Foto de (Laura Makabresku)
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Vê se há mensagens
no gravador de chamadas;
rega as roseiras;
as chaves estão
na mesa do telefone;
traz o meu
caderno de apontamentos
(o de folhas
sem linhas, as linhas distraem-me).
Não digas nada
a ninguém,
o tempo, agora,
é de poucas palavras,
e de ainda menos sentido.
(Foto de Ezgi Polat)
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Pusemos tanto azul nessa distância
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade
Natália Correia
(Foto de Ezgi Polat)
terça-feira, 5 de julho de 2016
segunda-feira, 4 de julho de 2016
sábado, 2 de julho de 2016
sexta-feira, 1 de julho de 2016
Subscrever:
Mensagens (Atom)