terça-feira, 28 de março de 2017

esperar




(...) 
tenho a certeza de que parto para sempre 
não haverá regresso nenhum
 creio que se tornaria mais fácil escrever-te de longe 
na deambulação por algum país cujo nome ainda não me ocorre
 num país com sabor a tamarindos rodeados de mar 
onde flores mirrassem ao entardecer e devagar
 a paixão nascesse durante o sono
 um país um pouco maior que este quarto
 fingiria escrever-te para te enviar a minha nova morada
 poderia assim queimar os dias no desejo de receber noticias
 inventaria mesmo desculpas plausíveis
 greves dos correios inexistentes terríveis epidemias
 catástrofes
 e na espera duma carta acabaria por me embebedar
 beber muito e esperar 
esperar
 digo tudo isto mas já não te amo
 (…)







 Al Berto