domingo, 4 de outubro de 2020

oblívio



Jamais tive eu amor senão por ti
 Paixões o vento as trouxe e as levou
 Qual ave migratória que pousou
 Em temporário ninho onde vivi. 
 Amor, porém, é ave que povoa 
O coração da gente e nele exulta 
E ocupa de outra ave mais estulta
O coração partido e o perdoa. 
 Mas que fazer, se amor o dei ao vento
 E sinto o coração ninho vazio 
E sinto um grão calor e grande frio.
 E amo em oração no meu convento?

Eu amo quem amei e me deixou; 
Não amo quem pousou – só quem voou. 





 Daniel Jonas
 (Foto de Monia Merlo)

2 comentários:

  1. Um belo poema e uma não menos bela imagem
    em que o primeiro fala do tema mais caro
    ao espírito humano: o dom de amar de que
    todo o ser sensível precisa.
    Parabéns pelo seu blogue.

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