quarta-feira, 17 de março de 2021

o labirinto


da flor


Para sobreviver à noite decidimos perder a memória.
 Cobríamo-nos com musgo seco e amanhecíamos num casulo de frio, perdidos no tempo. 
Mas, antes que a memória fosse apenas uma ligeira sensação de dor, 
registámos inquietantes vozes, caminhámos invisíveis na repetição enigmática
 das máscaras, dos rostos, dos gestos desfazendo-se em cinza.
 Escutámos o que há de inaudível em nossos corpos. 
 
Era quase manhã no fim deste cansaço.







Al Berto
(Foto de Natalia Drepina)

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